Monday, July 31, 2006

Thom Yorke - Black Swan



Música do novo álbum Eraser. Absolutamente extraordinário.

Minority Report



O melhor filme Spielberg. Para o Arranha, é claro.

Debrucemo-nos sobre o messenger...

O Messenger, criticado por muitos, é um instrumento de relacionamento social indispensável. Especialmente no campo aliciante do virtual. Virtual, digo eu, porque em nada altera a real relação das pessoas.
Até podemos estar já em fase de "e agora estou-te a morder as nádegas, chantilly e etc" no messenger mas quando na realidade pedimos a laranjada (algo que o Arranha anda ressuscitar, a par da limonada)à menina dos sumos (a mesma menina do messenger) e lhe piscamos o olho, ela retorque: "Tem alguma coisa no olho, senhor?". E assim se cai na cruel realidade de que a nadega e o chantilly eram virtuais.
- Graças a Deus porque a nádega e o chantilly platónicos sabem sempre melhor. -
Por outro lado e comentando de forma construtiva, o messenger tem uma função interessante no que respeita à transferência de dados, à troca de duas ou três palavras com um/uma compincha, à discussão de receitas de cozinha e finalmente, a minha favorita, chatear.
Nada me dá mais gozo do que o mais puro chatear no messenger. Mandar toques, perguntar a uma pessoa que está em claro stress profissional se gostaria de ver o José Cid a praticar auto-amor, partilhar que HOJE É DIA DE PASCOAL (com batatas a murro... com batatas a murro...), enfim... toda uma panóplia de instrumentos de chateação cujo Arranha se revela mestre.
Às vezes um simples Bom Dia Dia Dia Dia Dia Dia... So Fia Fia Fia Fia Fia Fia... surte o efeito desejado.
No entanto, há uma coisa que o Arranha não gosta neste instrumento de comunicação. É a falta de imaginação das palavras que seguem o nome (ou o nick, na estupidificante linguagem informática). Há quem ponha réclames a blogues, como é o meu caso, um símbolo para a afirmação "olhem, vão ali".
Depois há aquelas pessoas que põem coisas indecifráveis do tipo: Gineco Evax Top Senhor-dos-Aneis Bolachas-Oreo, ou seja, o tipo de pessoas que estão a dar cabeçadas no computador.
De seguida, ficamos com os chamados Livro Abertus que não são mais do que pessoas solitárias que partilham connosco a sua felicidade ou infelicidade, do tipo: "Triste pelos libaneses" ou "Orgulhosa pelo meu Cão", ou ainda, "Que felicidade, mandei uma na noite de ontem".
Finalizando, temos ainda os Viajantes, que usam frases-tipo como "A caminho dos Açores" ou "De volta de Amsterdam".
Ora bem, em relação a todos estes grupos, o Arranha tem algumas sugestões ou meros elogios a fazer.
Quanto aos amigos que têm os nomes dos respectivos blogues à frente aconselho vivemente a adição da palavra Evite, como em Evite Pequenoarranha.blogspot.com... é "trigo-limpo", vai ter mais leitores do que alguma vez pensou. O português é um ser que adora experimentar ou experienciar tudo o for a evitar.
Quanto aos das mensagens indecifráveis, admiro-os profundamente. São o futuro da tão afamada intelectualidade portuguesa e da masturbação intelectual que tanto prezo.
Quanto aos Livros Abertus seria interessante levar a coisa ao extremo. Exemplo: "Antónia, de vibrador em punho!" ou "Zé Manel, coçando o esquerdo" ou ainda, a expressão que seria mais banal a todos os utentes masculinos da internet, "José/António/João/Pedro/Nuno/Afonso/Carlos/etc , alegramente a ver pornografia"
Quanto aos Viajantes, seria informação mais interessante saber que eles estão:
a) "a caminho de comer ovo-mole que está ali no frigorífico"
b) "de volta de uma bela sessão de regabofe com a porteira"
ou ainda c) "a caminho de pôr a roupa suja na marquise"

Coisas simples, sem malícia, corriqueiras e logo nisso, mais interessantes e instrutivas sobre a pessoa em causa.

Wednesday, July 19, 2006

Bush vs. Bush

Franz Ferdinand - Outsiders

The Godfather - O Padrinho



Já não se fazem filmes assim...
Ficam aqui com um dos melhores inícios da história do cinema.

Tuesday, July 18, 2006

Art Tatum - Yesterdays 1954



Talvez o melhor pianista de jazz de sempre...

High Fidelity - Alta Fidelidade

Sunday, July 16, 2006

Unbreakable - Trailer



Seguramente um dos melhores e mais inteligentes filmes de acção feitos nos últimos anos. De realçar, a extraordinária cinematografia do português Eduardo Serra. Se nunca o viram, vejam-no. Se o viram, revejam-no.

The Prodigy - Breathe (Live)



Uma pequena amostra do que poderá ser o concerto dos Prodigy no Sudoeste 2006. A não perder.

Colbert: The NY Times want you dead

Prostituição masculina

O estado da prostituição masculina portuguesa - no termo técnico, gigologia lusitana - é bem demonstrativo da presente inefectividade do sex-appeal do português. Na actualidade e segundo um estudo prático da Universidade Católica, a prostituição masculina remete-se apenas a dar resposta ao mercado pedófilo e ao mercado da homossexualidade. Não misturando a lógica sexual de uma com outra, as duas têm um ponto em comum: são, em regra geral, praticadas por homens.
Ora bem, a falta do feminino - leia-se, mulheres - nesta equação é fulcral para nos apercebermos como apesar da real inferioridade numérica da população masculina em relação à população feminina, há uma contrastante superioridade masculina ao nível da disponibilidade demonstrada para satisfazer o sexo oposto.
Porque será?
Há quem diga que faz parte do homem demonstrar essa disponibilidade, o que tendo em conta as nossas origens latinas, até faz bastante sentido. Agora essa disponibilidade implica uma certa receptividade, coisa que segundo estudos recentes do Instituto Português do Coito, não está a acontecer. Segundo estes mesmos estudos, as "pequenas" andam bastante desconsoladas com o mercado masculino português. O Arranha como Níveaman até poderia dar vazão a este problema, mas o seu killer-instinct financeiro obriga-o a aproveitar esta oportunidade para relançar a tão esquecida prostituição masculina.
Sendo assim, o Arranha vai enveredar pelo negócio da gigologia lusitana, demonstrando mais uma vez estar atento às necessidades da população feminina nacional.
Para assegurar a qualidade do negócio, o Arranha decidiu propor ao Arranhão (que nestes assuntos milita sob a identidade super-heróica de Professor N, de Nívea), senhor de uma sabedoria ancestral no que respeita à correcta e sustentada aplicação de prazer físico às entidades femininas, que desse algumas acções de formação aos futuros trabalhadores do Clube Arranha Nelas.
Resta então esperar pelo parecer favorável do BCP - Banco oficial da Opus Dei, uma organização que fomenta a emancipação da mulher - quanto à viabilidade económica do negócio e o Clube Arranha Nelas será uma realidade.

P.S. Para efeitos de isenção impostos, o filantropo Arranha decidiu que haverá à quarta-feira uma noite Pro Bono, sendo esta denominada de Festa-para-Gordas-e-Badalhocas-que-não-têm-dinheiro.

Saturday, July 15, 2006

Ali-G entrevista Posh Spice and David Beckham

Before Sunset (Antes do Anoitecer) - DVD



Absolutamente obrigatório.

Dusty Springfield - Son of a Preacher Man

Ensaio sobre a Comunicação Social (Imprensa escrita e Televisão) em Portugal - Parte II

Passando agora à televisão, há duas trends que vou passar a referir de seguida, que me irritam particularmente.
A primeira é a das pessoas com um atestado de sábias. Em suma, padres que dão a missa.
Estou a falar dos programas em que está um apresentador (com pouco auto-estima profissional, presumo eu) que faz o lugar de Estou-em-extâse-perante-a-sua-eloquência. Entre os sábios "padres" contam-se Marcelo Rebelo Sousa, António Vitorino, Paulo Portas, Nuno Rogeiro e Miguel Sousa Tavares, entre outros. (Curiosamente, Marcelo Rebelo de Sousa foi um líder político fraquíssimo e que em termos de astúcia política se revelou uma nulidade.)
Este é o acto de televisão mais parecido com o tempo de antena, aliás, é isso mesmo, um tempo de antena. O meu único problema em relação a estes programas tem a ver com a figura do jornalista/apresentador/ignorante, que se reduz a uma mera figura notarial que valida a opinião dada pelo comentador/sábio como se de uma lição se tratasse. Parece-me que seria mais ajustado abdicar desse mesmo apresentador e dar um tempo de antena em que Marcelo, António, Miguel, Paulo e Nuno discursassem directamente para a câmera, partilhando connosco a sua verdade.
Não tenho dúvidas de que seria mais ético, pelo menos em termos de comunicação.
Depois há outro tipo de programas que são os que eu chamaria de Ressábiados da Má-Língua. Estes aspirantes que deambulam por programas como o Eixo do Mal ou Prazer dos Diabos são, por e simplesmente, desinteressantes.
Em relação ao Eixo do Mal, desde o mal-educado Daniel Oliveira à pomposidade mais que "portuguesinha" do Nem-sei-o-nome Gel-boy, passando pelo idealismo sem chama de Clara Ferreira Alves e acabando na invisibilidade dos restantes, todo o programa ecoa a um suspiro, como quem diz: "Quem me dera ser a Noite da Má-Língua...". A quimica gerada entre Miguel Esteves Cardoso, Rui Zink, Rita Blanco, Manuel Ferrão e Julia Pinheiro resultava de uma simples característica: Eram pessoas de personalidade víncada que não se esforçavam/quezilavam de forma a parecerem mais eruditas ou sabedoras. Tinham uma leveza acerca de si próprias que lhes dava graça (de piada mas também estatuto), dando o mote para o sucesso do programa.
Passemos então ao Prazer dos Diabos, nome certamente antagonista à finalidade do programa.
- Caras pessoas que estão presentes nesse programa, vocês não têm piada.
Que o rapaz do cabelo mal lavado - Alvim, senão me engano -, não tem piada, já o sabiamos há muito. Quanto aos outros, é novidade... mas não será por isso que sairemos reconfortados.
Só lá vi uma pessoa, de nome João Quadros, que tinha um humor característico e interessante. Mas esse, ao que me têm dito, vai lá pouco.
A apresentora define bem qualidade a do programa. Adiante.
Quanto ao senhor calvo, de nome Pina, vemos que é ele quem retira mais gozo do programa, um bálsamo para o seu ego, digo eu... Pois quem ostenta com tanto orgulho uma tamanha falta de piada, merece reconhecimento. Disseram-me entretanto que ele era um dos artífices do Contra-Informação, o que é de valorizar. Mas caro amigo, há que ter a noção que escrever humor não implica talento para o fazer in loco.
Achei curioso ver num destes programas (sobre o Mundial de Futebol, neste caso) um colega (João Quadros) informar o outro colega (Pina) de que as suas lógicas humorísticas, por e simplesmente, não estavam a ter piada.
Estes são apenas alguns dos programas que boicoto por higiene intelectual.
Para bem da minha higiene intelectual, sou capaz de visionar uma Quadratura do Círculo (apesar de Jorge Coelho apenas fazer figura de corpo presente) e um ou outro Prós e Contras, pouco mais.
Há muita informação, mas em regra geral, de fraca qualidade.
Quanto aos programas da dita crítica mordaz, uma tristeza. Que saiam os DVD's da Noite da Má Língua, digo eu.

Friday, July 14, 2006

The catholic boat

Apontamento musical

Kula Shaker - Hush

Apontamento cinéfilo

The Good, the Bad, and the Ugly - trailer
Um extraordinário clássico do mentor de Tarantino, Sergio Leone. A não perder, em DVD.

Thursday, July 13, 2006

Gomez - Silence

Cartman Fight

Cartman's Greatest

Um presente para as crianças...

Wednesday, July 12, 2006

Ensaio sobre a Comunicação Social (Imprensa escrita e Televisão) em Portugal - Parte I

Cada vez sou mais da opinião que gastar dinheiro na actual comunicação social não compensa, não informa e não entretem. Tal como no cinema, tenho assistido a um crescendo na quantidade de publicações, canais televisivos, etc , crescendo esse acompanhado por uma dispersão ou decréscimo na qualidade da obra em si. É óbvio que mesmo dentro da mediocridade, há umas migalhas que nos matam a fome, no entanto, essas migalhas são cada vez escassas e a sua disseminação cada vez mais vasta. Dentro do mundo das corporações ligadas à comunicação apenas uma tem realmente evoluído no sentido de uma melhoria ao nível dos conteúdos. Essa corporação chama-se RTP e deve ser motivo de orgulho para todos.
A qualidade da imprensa escrita, refém editorialmente da inevitável corporatização dos media, tem decaído a olhos vistos. É caso para dizer que há todo um espaço a preencher por alguém que se dedique ao real propósito de informar, cultivar e debater, sem nunca lograr o leitor ao tornar a escrita jornalística num modo de manipulação deliberada sobre quem a lê. Este ideal pode não ser atingido mas deve ser, na medida do possível, perseguido.
O Expresso, com a saída de José António Saraiva (um editor que exercia a sua função não como editado ou editador), tornou-se num jornal formatado, politicamente amorfo e mediano no pior sentido da palavra.
Em termos de cronistas pouco mudou.
De interesse:
As crónicas de João Pereira Coutinho, pessoa com a qual discordo na quase totalidade das ideias mas que tem as qualidades de ser afirmativo e articulado.
A ponderação de Fernando Madrinha.
As crónicas importadas de Luis Fernando Veríssimo na Actual.
E uma ou outra crónica de quem foi outrora o melhor cronista português, Miguel Esteves Cardoso.
Desprezo:
As mais que repetitivas crónicas de Miguel Sousa Tavares, um claro exemplo dos malefícios de ter demasiado espaço mediático disponível e pouco para dizer.
O elemento parasita (há sempre um) da presente era jornalística, Daniel Oliveira.
As crónicas inacreditáveis - pela sua banalidade - de Manuel Serrão.
Quanto aos cronistas, estamos despachados.
Agora é em relação às notícias propriamente ditas que o Expresso mudou radicalmente. Longe vão os tempos em que se esperava ansiosamente pelo sábado, pelo Expresso, fonte de furos jornalísticos, pequenos oásis politicamente incorrectos nesta época informação normalizada. Hoje esse Expresso é uma miragem, um nome, um hábito, um café da manhã.
Passando ao Público, este jornal, como elemento pertencente a um grupo económico altamente restritivo, é uma sombra dessa mesma limitação. Trata-se de um jornal que vende letras mas não desperta os sentidos (excepção feita talvez a Vasco Pulido Valente). A vassala personagem do seu editor (nada de pessoal contra ele, atenção) é absolutamente estruturante da atmosfera que trespassa por todo este jornal. Nada acontece dentro dele, apenas à volta e ele noticia. Nada nos surpreende ou cativa. A sua mais valia é talvez onde a sua marcada corporatização pode trazer um certo knowhow. Exemplos disso são o seu site e as interessantes colecções de DVD's a ele associadas.
Em relação a outros jornais, abstenho-me de tecer comentários por falta de conhecimento.
Quanto às revistas, três merecem a minha atenção.
A Sábado é uma mistura engraçada entre a revista cor-de-rosa e a revista séria de informação. Curiosamente, resulta bem. Excelente para relaxar, bom entretenimento, revela algum trabalho. Peca por ter cronistas desapaixonados.
A Focus é simplesmente uma nulidade.
A Visão é complexamente uma nulidade.
O problema da Visão é que lhe falta exactamente o que o nome indica... visão.
É uma amalgama de crónicas - sendo estas na sua maioria extremamente desinteressantes -, tem algumas entrevistas interessantes e muita publicidade (aliás, esse é o novo mote do grupo Imprensa, bem ao jeito dos 15 minutos de intervalos da TVI). Salvam-se as crónicas de Araújo Pereira que leio com satisfação e o texto mensal de José Gil. 10 minutos numa bomba gasolina chegam para retirar o que de "boas visões" a revista tem e mais não digo.

Como conclusão desta reflexão sobre a imprensa escrita, apenas apelo em comunhão com todos os leitores que exijamos mais qualidade do produto que adquirimos pois se continuarmos a premiar a falta de qualidade, ela continuará a ser escrita, embalada e devidamente distribuída.

Apontamento cinéfilo

A Lula e a Boleia, num cinema perto de si.

Monday, July 03, 2006

O Problema da Água

A água é fixe.
(Que início literariamente assombroso... E ainda há autores que desesperam durante dias, meses ou mesmo horas, para chegar ao ideal-impossível do início perfeito... é o preço da mediocridade)
Estamos no princípio do Verão, essa estação de recordações vastas, que parece ter começado enferrujada no que diz respeito à sua função.
Nuvens no céu, umbigos tapados, hormonas calmas, suor inodor etc...
Com este tipo de Verão, podemos ter alguma esperança de que a evolução da paisagem portuguesa - de uma semi-aridez para uma aridez completa - seja um pouco mais morosa. Pelo menos, era este o maior positivismo que eu podia proferir... até hoje à tarde.
Hoje o Arranha, cidadão exemplar da cidade Lisboa, achou por bem ir visitar os vários sistemas de rega colocados em espaços ajardinados na cidade de Lisboa. Programa interessante, que aconselho aos leitores masculinas numa primeira abordagem às fêmeas (sem qualquer tom depreciativo, atenção).
O jantar romântico está demasiado batido. Agora, ver sistemas de rega é que está IN.
Voltanto aos sistemas de rega, vários questões técnicas foram levantadas - decerto pouco interessantes ao leitor -, no entanto, há uma questão maior, transversal à biodiversidade lisboeta, que merece ser referida.
Os portugueses, como amantes de uma diversidade florística (ou seja, panascas por natureza), resolveram este ano dedicar-se a uma espécie vegetal que se revela verdadeiramente desafiante, o alcatrão. O alcatrão é uma espécie vegetal singular. Não tem folhas. Não tem floração entre o princípio de Janeiro e o fim de Dezembro. Curiosamente, também não tem vida. E ainda mais curioso, não faz a fotossíntese.
Como podemos ver, por todas as características mencionadas, o alcatrão é uma espécie difícil de "pegar". No entanto, a impossibilidade é um termo alheio ao desenrascado português, logo, toca de regar o alcatrão. Nem os persas, mestres na criação sistemas verdadeiramente inovadores, hidraulicamente falando, tiveram a coragem de apostar no alcatrão. Curiosamente, até poderiamos ter ficado pelo alcatrão, que já de si é difícil de pegar, mas não... para o português uma impossibilidade não chega... se assim fosse, seríamos como povos menores... olha, como os espanhóis, por exemplo.
De maneira que toca de regar outras espécies "complicadas" como: calçada de calcário, caixotes do lixo, carros que vão a passar, transeuntes e finalmente, a minha espécie preferida, os semáforos. Esta última gosto particularmente pois tem floração verde e vermelha (mais prolongadas) e amarela (menos prolongada), as cores da nossa bandeira. Curiosamente, num semáforo regado, o amarelo era bastante mais prolongado, será da rega? Fica no ar a pergunta.
É assim meus amigos... relvados, prados, herbáceas, arbustos e árvores, isso são coisas para países do terceiro mundo, sem água, que se têm de entregar ao facilitismo vegetal, incoerente para com o espirito descobridor dos portugueses.
Esta aposta em espécies complicadas só nos pode reconfortar em termos hídricos. Pois se temos água para regar alcatrão, temos água quanto baste.

Sunday, July 02, 2006

A importância dos princípios

O princípio é o ponto de partida para uma cadeia de eventos, pensamentos ou intenções. Em relação a matérias relacionadas com a sociedade, parece-me que o termo princípio assume um papel retórico diferente. Ele é a moeda de troca da cidadania democrática, um regime que promove a escolha. A noção de um homem com princípios implica que, a dada altura da sua vida, ele tomou decisões, fez escolhas... em suma, formou-se como indivíduo. Não nos passa pela cabeça afirmar que um rapaz de 13 anos tem princípios porque o termo princípio, definido desta forma, implica uma certa dose de independência - moral, intelectual e financeira - que lhe permite fazer escolhas. Escolhas adultas, não infantilizadas por um idealismo desmesurado.
Parece-me que se precisasse de caracterizar os portugueses como povo, os caracterizaria como um povo obliterado por um idealismo desmesurado, perfeito... e logo aí, desumano. É dessa permanente idealização que resulta, por consequência óbvia, o nosso famoso pessimismo. Somos bi-polares como as crianças...

ora rimos...
ora choramos...
mas calmamente
nunca estamos...


Um princípio, tal como a palavra indica, é um começo. Um começo de algo que se procuraria ideal mas que nunca o será. É exactamente na compreensão da inevitabilidade do erro e na aceitação não-conformada - mas calma - da imperfeição que encontro o que poderia chamar de comportamento adulto.
Os portugueses são um povo eminentemente infantil, altura da vida - às vezes, permanente - onde se idealiza e imagina. É numa atitude infantil, a da conformidade inerte face à impossibilidade de atingir o ideal, que assenta a lógica do "ou é perfeito ou não vale pena".
A encruzilhada em que se encontra o nosso país poder-se-ia apelidar de passagem à maioridade democrática, um estado de alma em que o país receia não conseguir lidar com o futuro. Trata-se quase de uma primeira - e amedrontada - contemplação do real.
Um elogio faço a este governo: há uma clara procura de marcar princípios, coisa que andava meio perdida na infantilidade que pairava sobre a sociedade portuguesa. Estes princípios, como a existência de uma avaliação dos professores, são absolutamente fundamentais. Mas o problema em Portugal, problema esse que não nos permite ser reformistas e evoluirmos, é que em tudo se procura um idealismo desumano, ou seja, a perfeição.
Voltando ao exemplo da avaliação qualitativa de professores, ela tem de existir. Que não há sistemas de avaliação perfeitos, não os há. Mas algo deve ser feito, algo deve ser evoluído. A democracia é um projecto inacabado e o caminho para a correcta implementação de um princípio já é suficientemente árduo pela sua infinidade.
Os princípios são um campo em que eu não perdoo aos políticos, porque um princípio não deve, nem pode, ser negociável.
Como exemplo do que não perdoo (politicamente falando), dou a antiga ministra das finanças, a Dra. Manuela Ferreira Leite, quando esta resolveu, numa medida governativa, abdicar de um princípio. A medida em causa era perdoar as dívidas resultantes de incumprimentos fiscais de forma a ter um encaixe financeiro. Neste caso, os princípios foram colocados de lado e deram lugar ao facilitismo, facilitismo esse que premiou os incumpridores. Como qualquer gestor competente lhe dir-lhe-ia, Dra. Manuela Ferreira Leite: está errado. O preço a pagar ao abdicar de princípios é demasiado alto e as prestações são demasiado longas.
E assim chegamos a uma das mais importantes funções do estado: a de impor princípios aos cidadãos, responsabilizando-os.
Quanto aos próprios governantes: serem exemplos desse acto de cidadania.