Saturday, July 15, 2006

Ensaio sobre a Comunicação Social (Imprensa escrita e Televisão) em Portugal - Parte II

Passando agora à televisão, há duas trends que vou passar a referir de seguida, que me irritam particularmente.
A primeira é a das pessoas com um atestado de sábias. Em suma, padres que dão a missa.
Estou a falar dos programas em que está um apresentador (com pouco auto-estima profissional, presumo eu) que faz o lugar de Estou-em-extâse-perante-a-sua-eloquência. Entre os sábios "padres" contam-se Marcelo Rebelo Sousa, António Vitorino, Paulo Portas, Nuno Rogeiro e Miguel Sousa Tavares, entre outros. (Curiosamente, Marcelo Rebelo de Sousa foi um líder político fraquíssimo e que em termos de astúcia política se revelou uma nulidade.)
Este é o acto de televisão mais parecido com o tempo de antena, aliás, é isso mesmo, um tempo de antena. O meu único problema em relação a estes programas tem a ver com a figura do jornalista/apresentador/ignorante, que se reduz a uma mera figura notarial que valida a opinião dada pelo comentador/sábio como se de uma lição se tratasse. Parece-me que seria mais ajustado abdicar desse mesmo apresentador e dar um tempo de antena em que Marcelo, António, Miguel, Paulo e Nuno discursassem directamente para a câmera, partilhando connosco a sua verdade.
Não tenho dúvidas de que seria mais ético, pelo menos em termos de comunicação.
Depois há outro tipo de programas que são os que eu chamaria de Ressábiados da Má-Língua. Estes aspirantes que deambulam por programas como o Eixo do Mal ou Prazer dos Diabos são, por e simplesmente, desinteressantes.
Em relação ao Eixo do Mal, desde o mal-educado Daniel Oliveira à pomposidade mais que "portuguesinha" do Nem-sei-o-nome Gel-boy, passando pelo idealismo sem chama de Clara Ferreira Alves e acabando na invisibilidade dos restantes, todo o programa ecoa a um suspiro, como quem diz: "Quem me dera ser a Noite da Má-Língua...". A quimica gerada entre Miguel Esteves Cardoso, Rui Zink, Rita Blanco, Manuel Ferrão e Julia Pinheiro resultava de uma simples característica: Eram pessoas de personalidade víncada que não se esforçavam/quezilavam de forma a parecerem mais eruditas ou sabedoras. Tinham uma leveza acerca de si próprias que lhes dava graça (de piada mas também estatuto), dando o mote para o sucesso do programa.
Passemos então ao Prazer dos Diabos, nome certamente antagonista à finalidade do programa.
- Caras pessoas que estão presentes nesse programa, vocês não têm piada.
Que o rapaz do cabelo mal lavado - Alvim, senão me engano -, não tem piada, já o sabiamos há muito. Quanto aos outros, é novidade... mas não será por isso que sairemos reconfortados.
Só lá vi uma pessoa, de nome João Quadros, que tinha um humor característico e interessante. Mas esse, ao que me têm dito, vai lá pouco.
A apresentora define bem qualidade a do programa. Adiante.
Quanto ao senhor calvo, de nome Pina, vemos que é ele quem retira mais gozo do programa, um bálsamo para o seu ego, digo eu... Pois quem ostenta com tanto orgulho uma tamanha falta de piada, merece reconhecimento. Disseram-me entretanto que ele era um dos artífices do Contra-Informação, o que é de valorizar. Mas caro amigo, há que ter a noção que escrever humor não implica talento para o fazer in loco.
Achei curioso ver num destes programas (sobre o Mundial de Futebol, neste caso) um colega (João Quadros) informar o outro colega (Pina) de que as suas lógicas humorísticas, por e simplesmente, não estavam a ter piada.
Estes são apenas alguns dos programas que boicoto por higiene intelectual.
Para bem da minha higiene intelectual, sou capaz de visionar uma Quadratura do Círculo (apesar de Jorge Coelho apenas fazer figura de corpo presente) e um ou outro Prós e Contras, pouco mais.
Há muita informação, mas em regra geral, de fraca qualidade.
Quanto aos programas da dita crítica mordaz, uma tristeza. Que saiam os DVD's da Noite da Má Língua, digo eu.

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