Tuesday, June 26, 2007

MST e Pinto da Costa

Sempre achei curiosa a forma como determinadas pessoas por e simplesmente não têm a noção. Noção do ridículo, neste caso.

A literatura mostra-nos que os escritores sérios, em especial os verdadeiramente iluminados, escrevem pensando que os seus leitores raciocinam. Uma obra capaz só pode ser valorizada/apreciada por leitores capazes. Simples verdades, penso eu. Logo, dentro desse mote um escritor não pode facilitar pois se o faz está a desrespeitar quem o lê. Infelizmente a comunicação social portuguesa está cheia destas relações em que burros ensinam otários, sinal de uma cultura intelectual mais fútil e menos exigente. Entre estas pessoas, as quais amistosamente chamo de Incapacitados Articulados, incluo pequenas celebridades como o Miguel Tavares ou o Marcelo Sousa. Falam bem, escrevem bem, pensam mal. Pensar mal não é escolher o lado errado de uma questão (até porque pode não existir um certo e um errado) É sim não fundamentar, ser preguiçoso, não incentivar à neuro-actividade. Isso sim é imperdoável a quem escreve, a quem publica.

Passando à frente e apreciando mais concretamente.

Não haverá muitas dúvidas de que Pinto da Costa é um criminoso.

Há algumas dúvidas de que ele será verdadeiramente julgado pelos crimes que cometeu.

Há bastantes dúvidas de que ele irá para a prisão.

Mas curioso e socialmente interessante é esta nova vaga de adeptos portistas/cronistas, entre os quais o escritor Miguel Tavares, que num “estrebuchar do adepto" procuram ver as coisas através de um prisma no mínimo curioso. É o prisma do “acreditamos que o Pinto da Costa talvez seja culpado mas não acreditamos que isso tenha tido influência no que o Porto ganhou” Ora, esta argumentação sui generis só poderá pôr um sorriso no rosto de quem pensa. Se não tinha influência, porque Pinto da Costa o faria? Seria de pensar que alguém que publica recorrentemente, como Miguel Tavares o faz, soubesse que publicar sem pensar um pouco no que se advoga é no minímo chamar burro ao leitor. Talvez fosse aceite num tom irónico, no entanto não creio que seja esse o intento do Miguel.

Como Gandhi afirmou “A verdade e o amor sempre vencerão, a história isso nos ensinou”. Ora, sempre foi claro de que o Futebol Clube do Porto era escandalosamente beneficiado nos tempos de Pinto da Costa. A grande maioria dos adeptos portistas até fazia gala disso. Era um jogo de poder, não um desporto. Era um gigantesco complexo de inferioridade, não ambição. Campeonatos atrás de campeonatos foram ganhos pelas mentiras executadas por Pinto da Costa, mentiras essas aceites de bom grado pelos adeptos portistas pois saciavam o ódio por Lisboa. Mais uma vez Gandhi ou a História não se enganaram e associado à expressão crua mas feliz de Luis Filipe Vieira, “o estrebuchar do morto”, vemos o estrebuchar de cronistas, jornais, adeptos e de toda uma estrutura que ao longo de décadas foi acabando com o desporto e fomentando a novela, o mediatismo, a cegueira.

Pinto da Costa tem estado omisso porque começa a perceber que o poder mediático se esfuma mais depressa do que qualquer outro e que de um momento para o outro os portistas mais depressa o deixam arder na fogueira do que se envolvem numa imbecil luta por títulos de futebol, porque afinal por muito que gostemos de futebol, pouca importância real ele tem.

Resta ver o que cronistas incapazes dirão quando se provar que Pinto de Costa falseou os resultados das últimas décadas do futebol português. Será concerteza um exercício que felizmente já dá e continuará a dar gargalhadas fartas.