Wednesday, August 30, 2006

Frase

"Muitas vezes estamos mais às escuras quando temos certezas, e mais esclarecidos quando mais confusos."

Friday, August 18, 2006

O palavrão - Parte II

Caralho
O termo caralho é, sem dúvida, o palavrão mais interessante que temos na nossa bela língua.
Podemos começar então pelo seu significado propriamente dito que não é mais do que um sinónimo em tom de hipérbole para palavras como pila, pénis, gaita ou falo. No entanto e como é comum a todos os palavrões, o seu significado será talvez o que de menos interessante terá esta palavra.
Passemos então ao seu uso.
"Vai pró/pó caralho" - Atenção que todas as expressões "ordinárias" ditas de uma forma correcta e ritmicamente lenta como: "Vai...para... o... caralho" são talvez das mais bonitas e peculiares expressões que se pode ter o prazer de proferir -.
Bem, voltando ao vai pó caralho, esta expressão pode ser dita em várias ocasiões. A primeira, e mais óbvia, é de forma agressiva, ou seja, em que partimos do princípio que o individuo a quem direccionamos a expressão não gosta de ir para o caralho.
Ora bem, o que é ir para o caralho?
Ir para o caralho será uma viagem inevitavelmente ligada ao sexo da coisa, ou seja, pressupõe que se mandamos uma pessoa para o caralho, ela irá ser "penetrada" por um caralho fictício, coisa que não é do agrado da esmagadora maioria dos individuos heterossexuais. No entanto, se estivermos a direccionar a expressão a mulheres heterossexuais ou individuos homossexuais, o ir "para o caralho" até pode ser considerado como uma viagem deveras agradável, o que torna a expressão "vai pó caralho" numa espécie de "boa viagem" ou "até à vista".
Outro sentido para a expressão vai pó caralho é o de estupefacção. Esta expressão dita desta forma substitui o "Tas a gozar!?" ou o "Não me digas!?", invocando que mais facilmente o sujeito iria para o dito caralho do que acreditaria naquilo que acabou de ouvir. (este significado é levado ao extremo na expressão "caralhos ma fodam!")
Enfim...
Passemos então ao "... comó caralho", que funciona como uma hipérbole qualitativa ou quantitativa do quer que estejamos a falar.
1º exemplo: "comi comó caralho".
Esta expressão indica que comemos muito, alarvemente mesmo, ou seja, nesta instância estamos a revelar uma quantidade exagerada seja do que for.
Já o segundo exemplo: "a picanha com alho estava boa comó caralho", indica que a picanha estava mesmo boa, uma espécie de carimbo de elevada qualidade.
Dito isto, para as pessoas que usam estas expressões (que normalmente são as mesmas), o caralho é algo farto e bom. Esta noção reveste-se de extremo interesse se pensarmos que a esmagadora maioria dos utilizadores destas expressões são homens heterossexuais, ou seja, os homens que "mandam pró caralho" como um sítio onde não se gosta de ir são os mesmos que dizem que o caralho é farto e bom. Não compreendo. E mais curioso, as pessoas que poderiam usar esta expressão de forma sustentada, mulheres heterossexuais e homens homossexuais, não a utilizam. Não imagino um homossexual ou uma mulher heterossexual a afirmar: "este verniz é bom comó caralho" ou "este shampoo deixa-me o cabelo liso comó caralho".Enfim, é esta completa contradição que torna a utilização desta palavra num caso absolutamente ímpar na língua portuguesa.
Para ainda armar mais confusão, temos expressão "... do caralho", algo que também abarca a dualidade de qualidade e quantidade do comó caralho, sem, no entanto, contar com a preciosa ajuda do tom análogo veiculado pelo "comó".
Para melhor explicar a complexidade desta questão, vou usar dois exemplos.
No primeiro exemplo, usando a expressão "a picanha estava boa comó caralho", será fácil permutar para a expressão: "a picanha estava do caralho", sem perder a conotação de qualidade.
Já na frase - e peço desculpa aos leitores mais sensíveis, pois não é meu objectivo ser reles - "a Vanessa da turma C tem umas mamas do caralho", não sabemos se os respectivos apêndices mamários são bons (qualidade) ou se são meramente grandes (quantidade).
E pronto, caros leitores, é entre complexas caralhadas que me despeço, sem pudor moral mas com uma inegável vontade de compreender e desenvolver o espírito humano.

Wednesday, August 16, 2006

Miami Vice



Grande filme, a não perder.

Sunday, August 06, 2006

O palavrão - parte I

O palavrão é instrumento absolutamente fulcral à correcta expressão das emoções. Assim sendo, o Arranha vem hoje debruçar-se sobre etimologia destas maravilhosas palavras que se distinguem das restantes pela sua "ilegalidade" moral, entoação acérrima e complexidade de uso.
Comecemos então.
Puta
Esta palavra tem origem na palavra prostituta e como tal, uma puta refere-se a uma prostituta e um putedo a um bordel. No entanto, com o passar dos tempos, vários significados alternativos e palavras derivadas foram adicionados/as à etimologia da palavra puta. Hoje em dia, o seu significado foi alargado de forma a englobar o equivalente: de mulher promíscua; de mulher austéra/severa/lixada/estúpida - como na expressão: "Puta da professora de Matemática, deu-me um treze!"; e de adjectivo. Esta última função - a de adjectivo - é, sem sombra de dúvida, a mais interessante pois não representa algo de concreto... representa sim um sentimento: o sentimento de estar lixado com um objecto ou com uma situação. Exemplo: "A puta da chave não entra." ou "A puta da prova correu-me mal." Se repararmos, o adjectivo puta não se remete a algo definível (a negatividade ímplicita à prova pode ter variadíssimas origens), mas no entanto, diz tudo. Diz-nos que a pessoa que a fez está realmente sentida com a situação ou na gíria popular, está "Puto da vida!".

Como acrescentos derivados da palavra puta, podemos contar com a uteriana palavra putéfia, empregue por mulheres à sempre-existente némesis do local trabalho, e com a menos conhecida palavra putifólnia, palavra inventada há 5 segundos para efeitos de número mas que se adequaria bem às mulheres que não sabem estacionar o carro.

Passando ao lado fonético da palavra puta, este é extremamente revelador do estado de espírito do sujeito vociferador e do real significado da palavra. Se o termo puta for empregue quase como uma explosão bocal, como na expressão: "Sua pu-ta!" - com marcação de intensidade no pu -, então estamos perante um claro envolvimento emocional em relação ao alvo da dita expressão. Se, ao invés, o termo puta for empregue com souplesse e contenção, então estamos perante uma bela demonstração de desprezo e má-língua.
O mesmo acontece com os termos Filho-da-Puta - mais rude, emocional e cru - e Filho-de-Puta - mais aristocrático, efeminado e Poirotsiano -.

P.S. O termo Filho-da-Puta, literariamente e oralmente direccionado ao masculino, pode ser alterado para Filha-da-Puta se quisermos demonstrar uma ainda maior negatividade perante o sujeito masculino visado. Esta mudança, embora literariamente altere o sexo da expressão, oralmente permanece perfeitamente adequada ao sexo masculino. Exemplo: "Filha-da-puta do taxista..."
O inverso não acontece, ou seja, não se chama Filho-da-Puta a uma mulher. Uma curiosidade gramática que apenas existe nesta expressão e que reitera o interesse do Arranha pelo estudo destes vocábulos.

Wednesday, August 02, 2006

Eddie Murphy - African Wife

The French Connection



Grande, grande filme dos anos 70.

Jefferson Airplane - White Rabbit