Sunday, August 06, 2006

O palavrão - parte I

O palavrão é instrumento absolutamente fulcral à correcta expressão das emoções. Assim sendo, o Arranha vem hoje debruçar-se sobre etimologia destas maravilhosas palavras que se distinguem das restantes pela sua "ilegalidade" moral, entoação acérrima e complexidade de uso.
Comecemos então.
Puta
Esta palavra tem origem na palavra prostituta e como tal, uma puta refere-se a uma prostituta e um putedo a um bordel. No entanto, com o passar dos tempos, vários significados alternativos e palavras derivadas foram adicionados/as à etimologia da palavra puta. Hoje em dia, o seu significado foi alargado de forma a englobar o equivalente: de mulher promíscua; de mulher austéra/severa/lixada/estúpida - como na expressão: "Puta da professora de Matemática, deu-me um treze!"; e de adjectivo. Esta última função - a de adjectivo - é, sem sombra de dúvida, a mais interessante pois não representa algo de concreto... representa sim um sentimento: o sentimento de estar lixado com um objecto ou com uma situação. Exemplo: "A puta da chave não entra." ou "A puta da prova correu-me mal." Se repararmos, o adjectivo puta não se remete a algo definível (a negatividade ímplicita à prova pode ter variadíssimas origens), mas no entanto, diz tudo. Diz-nos que a pessoa que a fez está realmente sentida com a situação ou na gíria popular, está "Puto da vida!".

Como acrescentos derivados da palavra puta, podemos contar com a uteriana palavra putéfia, empregue por mulheres à sempre-existente némesis do local trabalho, e com a menos conhecida palavra putifólnia, palavra inventada há 5 segundos para efeitos de número mas que se adequaria bem às mulheres que não sabem estacionar o carro.

Passando ao lado fonético da palavra puta, este é extremamente revelador do estado de espírito do sujeito vociferador e do real significado da palavra. Se o termo puta for empregue quase como uma explosão bocal, como na expressão: "Sua pu-ta!" - com marcação de intensidade no pu -, então estamos perante um claro envolvimento emocional em relação ao alvo da dita expressão. Se, ao invés, o termo puta for empregue com souplesse e contenção, então estamos perante uma bela demonstração de desprezo e má-língua.
O mesmo acontece com os termos Filho-da-Puta - mais rude, emocional e cru - e Filho-de-Puta - mais aristocrático, efeminado e Poirotsiano -.

P.S. O termo Filho-da-Puta, literariamente e oralmente direccionado ao masculino, pode ser alterado para Filha-da-Puta se quisermos demonstrar uma ainda maior negatividade perante o sujeito masculino visado. Esta mudança, embora literariamente altere o sexo da expressão, oralmente permanece perfeitamente adequada ao sexo masculino. Exemplo: "Filha-da-puta do taxista..."
O inverso não acontece, ou seja, não se chama Filho-da-Puta a uma mulher. Uma curiosidade gramática que apenas existe nesta expressão e que reitera o interesse do Arranha pelo estudo destes vocábulos.

3 Comments:

Blogger Chriswab said...

This comment has been removed by a blog administrator.

3:19 PM

 
Blogger alyia said...

ehehehheehh ao tempo que não vinha aqui rir-me

6:53 AM

 
Anonymous Anonymous said...

Keep up the good work »

4:11 AM

 

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