Monday, June 19, 2006

Os Tomates do Padre Arranha

Este título embora sujestivo, revelar-se-á enganador ao leitor se este pensar que se trata de mais um texto combativo à religião. Pelo contrário, o Arranha - contestário feroz por natureza - toma hoje a liberdade de elevar o seu grau de contestatividade a um novo patamar, ao contestar-se também a si próprio e à sua argumentação, daí que este seja o texto em que se faz as pazes com várias das entidades que foram afrontadas/injuriadas pelo então a-elas-contestário Arranhiço.
Dito isto:
- a religião tem um papel um fundamental na organização da sociedade apesar de como em tudo na vida, ter um uso por vezes calculista e subversivo dos verdadeiros valores humanos
- Nuno Rogeiro diz coisas muito inteligentes
- Manuel Maria Carrilho e Santana Lopes são pessoas sérias que usam argumentos válidos e sustentados
- Carmona Rodrigues existe
- A Arranhona (minha inspirada progenitora) faz um bom peixe assado
Enfim... aqui ficam as mais importantes.
(Como é óbvio, a lista acima referida deverá ser lida em tom jocoso)
Porquê então "Os Tomates do Padre Arranha."?
Porque simplesmente "Os Tomates" seria grosseiro e o Arranha não é adepto de grosserias. Assim, neste tom mais Queirosiano, o Arranha reivindica uma certa qualidade literária, ou como diria São Jeremias, "truques de aldrabista".
Após esta pequena introdução, aqui ficam "os Tomates".
Primeiro, porquê tomates e não feijões, alperces ou maça-reinetas?
Não seria mais engraçado dizer "levei um pontapé nas minhas maçã-reinetas."
Talvez sim, talvez não.
Depois questionemos sobre o porquê de se separar os orgãos em masculinos e femininos e qual será o critério usado? Ao dizermos "a vagina" e "o pénis", parece-me óbvio que aqui há uma correspondência ao sexo de quem os transporta, o que me faz sentido, coisa que por exemplo já não existe com "o clitóris" ou com "a glande". Dito isto, quem terá decidido entre chamar "joelho" e não "joelha" ou "língua" e não "línguo", questiono eu.
questiono eu...
questiono eu...
Como também já estou a apanhar uma bela seca com este raciocínio, passemos à frente.
Porque é que se diz "as pernas" e depois se dizem "os pés" ou "os braços"?!!!! (uma pequena reminiscência, desculpem)
Devo-vos confessar que o Arranha acabou de descobrir o seu objectivo de vida. Esse contempla a compreensão da membronimia, uma área pouco estudada e cujo Arranha será oficialmente o primeiro Membronominólogo.
Passando à frente, o Arranha estava defronte do interessante jogo Arábia Saudita - Tunísia quando veio à sua mente a ideia de que como serão os tomates de Abdul Her-Bahri, serão melhores ou piores que os meus? Como é óbvio se isto tivesse realmente acontecido, o Arranha estaria a padecer, não de algo conhecido e diagnosticável mas simplesmente a padecer. Ora, o que realmente aconteceu foi que o Arranha achou por bem dar alguma atenção a algo mais interessante do que o jogo em causa, ou seja, aos seus tomates. Primeiro constatou aquilo que concerteza todos os leitores portadores dos mesmos já constaram, ou seja, que eles são distintos. Um é maior - neste caso o esquerdo - e está normalmente situado mais abaixo em relação ao eixo do ZZ's. Deu-se então início à contagem dos pêlos púbicos por cada espécimen tomatal. (o Arranha está roçar o limiar do estômago intelectual do leitor) Essa contagem revelou uma clara vitória do mais pequeno, 1893 pêlos do direito contra os 1645 do esquerdo. Esta questão revela a gritante imperfeição em basicamente todos os manguitos que são desenhados nas paredes, normalizando-os e tornando-os num mero produto de série.
Partindo dos tomates, o Arranha elevou o olhar aos seus peitorais, para também aí se aperceber de notórias diferenças (o direito tinha um chupão dado pela mulher da fruta e o esquerdo, não), diferenças outras que se repetiam quer nas naridas (sendo a esquerda, mais ampla) e nos olhos (o esquerdo vê melhor e pisca mais).
No entanto, a maior diferença situa-se ao nível das bochechas, onde há uma clara associação/inclinação política. A esquerda é escurecida (talvez pelo trabalho exterior), barbuda e demagógica. Ao invés, a direita é ariana, leitosa, fria e algo ignorante.
Nas diferenças enumeradas uma característica sobressai como comum a todas, a assimetria entre coisas que normalmente são representadas como iguais. Agora o que isto quer dizer, não sei e se querem que vos diga, também não quero saber.
Isto é que é reconfortante na escrita, não necessita de lógica, conclusão ou enredo. Talvez seja como um revirar os olhos, um reflexo da alma, um acto de fé.
E assim termina a homília de hoje.
Ide em paz e que os tomates - se os tiverem - vos acompanhem.

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