Tuesday, June 27, 2006

O outro lado da arbitragem de Valentin Ivanov

Nas lides futebolísticas, a "carneirada" é um nómio que pela sua ruralidade deixou de ser utilizado - se é que alguma vez foi -, no entanto, em relação às várias - mas unânimes - opiniões acerca da arbitragem jogo Portugal-Holanda, parece-me uma terminologia mais do que adequada. Em todas as opiniões publicamente manisfestadas, a arbitragem foi considerada fraca. Discordo totalmente.
E prova de que tão má não pode ter sido, foi que ninguém sentiu uma clara parcialidade ao nível do critério, critério esse perfeitamente justificado.
Os jogadores das duas equipas, quer pelo historial recente, quer pela importância do jogo, quer pelas incidências do mesmo, tiveram um comportamento combativo, algo que não tem malícia (desde que não se trespasse a fronteira da combatividade para a violência) mas tem os seus custos ao nível da punição por parte do árbitro. Essa punição apenas poderia ter sido poupada se os atletas se retraíssem na combatividade, coisa que num jogo desta "tarimba" seria practicamente impossível ou desejável.
Primeiro ponto, o jogo em causa não foi violento. Teve inúmeras faltas graves mas de verdadeira violência, não teve nada.
Uma falta é merecedora de cartão vermelho directo se: for violenta ou se cortar uma jogada de golo.
Dito isto, a falta sobre Ronaldo é complicada. No tempo real de jogo, não me pareceu uma falta merecedora do cartão vermelho, contudo, após as repetições parece realmente tratar-se de uma falta violenta. Ainda assim, não me deixo de defender que o critério do árbitro se aceita perfeitamente. O lance é dividido e o contacto entre os atletas resulta de uma anticipação por parte de Ronaldo em relação ao defesa holandês. Se se observar atentamente a repetição, vê-se que o defesa holandês atinge Ronaldo no sítio exacto onde este "joga" a bola, o que atesta para uma intenção de jogar a bola. Com isto e repetindo-me, não digo que o cartão vermelho fosse desajustado, mas penso que para uma decisão efectuada em cima do acontecimento, aceita-se perfeitamente a decisão do árbitro.
Continuando, fala-se muito de que se o árbitro russo tivesse expulso o jogador holandês, o jogo teria sido um mar de rosas e nada de especial existiria no que se refere a indisciplina.
O que é factual e que contradiz esta teoria idiota, é que o resto da primeira parte, à excepção das infantilidades de Costinha, correu sem particular combatividade. Esta última começou com a perpectiva do passar do tempo, demasiado rápido para uns e demasiado lento para outros. Nessa altura, houve alguns empurrões e situações mais ou menos complicadas, em que a meu ver o árbitro apenas pecou pela não amostragem de um cartão amarelo a Cocu e um possível segundo cartão amarelo a Nuno Valente. Mas mesmo este último, parece-me duvidoso. Trata-se de um lance mais espectacular do que violento e mais uma vez, o pé de Nuno atinge Robben no sítio em que este entrou em contacto com a bola, algo que atesta por uma pretensa procura de jogar a bola e não o adversário.
Passando à frente, quanto aos dois lances dos quais resultou a expulsão de Deco, nada a apontar. No primeiro cartão, Deco "prega" uma rasteira intencional ao adversário, uma falta que - e muito bem - não deve ser considerada como uma acção violenta pois não visa pôr em causa a integridade física de quem a sofre.
Quanto ao segundo cartão, voltámos à bela mediocridade portuguesa ao atestar excesso de rigor, razão maior para o que - em termos gerais - está mal no nosso país.
Concluindo, aqui fica um pequeno sermão, os cartões não são para ser mostrados conforme a espectacularidade da falta - algo que promoveria os "Pintísticos" mergulhos -, baseiam-se sim, na gravidade da falta e no que ela interfere sobre a acção da equipa que a sofreu.
É pena que no início da competição a FIFA advogue a imposição de critérios rigorosos, para depois - por razões populistas - voltar atrás, aos tempos da velha "sarrafada".

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