Thursday, October 20, 2005

Design Italiano

Há muitas coisas nesta vida que me irritam. Uma delas é o estatuto atingido pelo design italiano, na sociedade actual.
Seja na roupa, móveis, carros, candeeiros ou retretes, enfim... tudo é uma maravilha desde que seja de design italiano.
O termo de design italiano é referido repetidamente como um carimbo de qualidade, gosto e sofisticação.
Como óbvio, isto só enganará a quem nunca tenha ido a Itália ou privado com a estética italiana. Aliás, em relação à, igualmente famosa, estética das italianas, devo afirmar que durante a minha estadia em Itália, a contagem de mulheres bonitas reduziu-se à unidade, sendo essa unidade de ascendência brasileira. Desta feita, nessa viagem foram dissipadas todas e quaisquer dúvidas que pairavam sobre a teoria formulada pelo Arranha acerca das mulheres italianas. Esta teoria defende que todas as mulheres bonitas de nacionalidade italiana estão retidas em cativeiro nos estúdios da RAI , ou seja, ninguém as consegue ver mescladas na comunidade.
Bem, voltando à admiração do português pelo design italiano.
Esta admiração pelo desenhadores italianos faz com nos sejam impingidos objectos de gosto altamente duvidoso.
Pensei nisto ao ouvir o novo anúncio da Staples Office Center, onde aparece o José Pedro Gomes a fazer um sotaque francês, afirmando que a nova linha de escritório é excelente porque tem design italiano (Ainda hei-de perceber a lógica entre a pronúncia francesa e o design italiano).
Assim sendo, coloco no ar a questão:
- E se agora o Arranha começasse a desenhar móveis (algo que é sua a verdadeira vocação) e os chamasse de Colecção Pequeno Arranha. Será que eles fariam sucesso?
Penso que estariam de acordo comigo que ninguém olharia para eles duas vezes. Por outro lado, tenho a certeza de que se os mesmos móveis fossem da linha do proeminente designer italiano Piccollo Arranhi, já seriam um êxito extrondoso.
Pois é meus amigos, é para vos alertar sobre estas coisas que Deus, o Fernando e a Manuela puseram o Arranhiço no mundo.
Dou-vos já outro exemplo acerca desta temática, mas primeiro deixem-me beber um golo de água...
- Glup, glup, glup (nem acredito que o leitor se sujeita a isto)
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Vamos lá a isto!
O exemplo de que vos quero falar e que, a meu ver, revela de forma gritante a pertinência desta dissertação é a marca de roupa Giovanni Galli. Sendo eu, um ser da espécie humana que já percorreu com o olhar a montra da loja em questão, estou numa posição priveligiada para afirmar que o mau gosto impera. As colecções apresentadas por esta marca tem como público alvo os meninos “betinhos” que não têm dinheiro para comprar roupa na Gant, Wesley, etc... Ora bem, porque é que esta marca vai sobrevivendo? Pelo seu design italiano.
O mais triste desta história é que toda a gente deveria conhecer o sr. Giovanni Galli, mas não o conhecem.... Sendo assim, o Arranha vai alterar dramaticamente o grau cultural do comum português ao dizer quem é Giovanni Galli (se repetirem esta curiosidade de cultura geral em eventos sociais, farão um figurão) .
O Giovanni Galli é um ex-guarda redes da selecção italiana de futebol, como podem comprovar os leitores que tenham na sua posse caderneta de cromos alusiva ao México’86 (O Arranha ainda está a ver se a acaba). Este excelente guarda-redes de indubitáveis reflexos passou, nos seus tempos de glória (anos 80), por clubes como AS Roma, Inter e Nápoles.
Pois é meus amigos, toda uma parcela da populaça portuguesa anda vestida com roupa desenhada por um guarda-redes italiano reformado.
Estão espantados não é, caros leitores... a verdade custa e nem sempre é bonita... mas o Arranha está aqui...em nome da verdade... em nome de Portugal.
E é em nome de Portugal que deixo aqui um sincero voto de confiança no Design Português. Por isso amigos, temos de começar a valorizar o que é nosso. E essa atitude passa por:
a) vestir roupas desenhadas por portugueses;
b) conduzir carros desenhados por portugueses;
c) rechear a casa com móveis desenhados por portugueses;
d) fazer o amor iluminados por candeeiros desenhados por portugueses e finalmente;
e) obrar em retretes desenhadas por portugueses.


P.S. Depois de ir à Exposição da IdeiaCasa na FIL e vislumbrar a casa ideal decorada pela fina-flor dos designers de interiores portugueses (“Perdoai-lhes Senhor, pois eles não sabem o que fazem”), retiro tudo o que disse anteriormente sobre o design italiano. Pior que aquela casa é impossível!
Deixo igualmente um pedido a todos os designers de interiores do resto mundo, mas em especial aos afegãos...
- Ajudem-nos!

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Aahaha, interessante. So que a loja Giovanni Galli, apesar de ter o nome de um guarda-rede italiano é inteiramente portuguesa e tem sede em Lisboa. Assim como a Massimo Dutti, que é espanhola, ou a Carlo Visconti,
De um artigo no Diario do Minho:
"Os estrangeirismos nas marcas deriva daí. "Portugal nunca teve uma imagem forte para valorizar os produtos e muitas vezes até os desvalorizava, o que obrigava as empresas a procurar reposicionar o seu produto na cadeia de valor associando-os a nomes franceses ou italianos." Exemplos não faltam Bruno Belloni, Carlo Visconti ou Ivo Valentino, nos fatos de homem, Victor Emanuelle nas camisas, Salsa Jeans, Muratti Florentino, Gino Bianchi, Eject e Cohibas, entre muitas outras no calçado".

7:52 AM

 

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