Sunday, October 16, 2005

Scolari! Amigo! o Arranha está contigo!

Venho por este meio insurgir-me contra todas as vozes anti-Scolari.
Não penso que Scolari faz tudo bem, mas sou da opinião de que ele normalmente erra quando cede às pressões de comentadores, adeptos e jogadores.
Vamos às situações em que Scolari errou.
- Os jogos contra a Grécia no Europeu.
E porque é que errou?
Porque devia ter tirado o Figo logo no principio da segunda parte (em qualquer um dos jogos). A fundamentação para esta opção prende-se com o facto de Figo, apesar de ser um grande jogador, sofrer de uma pseudo-elevação de estatuto em relação aos colegas, o que faz com que Figo queira assumir um protagonismo exagerado quando a equipa está em dificuldades. Em ambos os jogos contra a Grécia deu-se esta situação e estivemos todos defronte do televisor a observar o belo espectáculo de Figo a tentar fintar metade da equipa adversária. Como é óbvio perdia sempre a bola.
Tenho a certeza de que se fosse Cristiano Ronaldo a fazer o mesmo, diriam “O puto quer fazer tudo sozinho” mas sendo Figo, dizem “Ele está a tentar pegar no jogo”.
Scolari percebeu e viu como isso estava a desequilibrar a equipa (pois ficava sem médio-ala, para passar a ter dois jogadores a contruir jogo no meio (Deco e Figo)) contra a Inglaterra, substituindo Figo. Figo armou-se vedeta, o que demonstra exactamente que ele acha que tem um estatuto especial em campo. Viu-se o resultado, Portugal ganhou.
No jogo seguinte (contra a Holanda), Figo voltou a jogar para a equipa e fez uma das melhores exibições da sua carreira internacional. O problema é que depois dessa grande exibição, voltou à bandalheira de achar que resolve tudo e aí Scolari não teve “tomates” para o tirar como o tinha feito contra a Inglaterra.
Outro erro em relação a estes jogos, foi o de Scolari ter posto a jogar Rui Costa na final. A meu ver, um jogador que perturba o ambiente no dia anterior a um jogo daquela importância, da maneira como ele o fez (ao anunciar publicamente a decisão de que se ia retirar após o jogo da final), nunca deveria ser sequer convocado para a final.
Mudando de assunto, vamos agora às críticas lhe dirigem os comentadores e jornalistas.
Primeiro, toda a gente lhe caiu em cima por ele não ter aproveitado a estrutura do Porto no primeiro jogo contra a Grécia no Europeu. Penso que a maior demonstração de que a resposta não estava aí foi a nossa derrota na final, quando se jogou com essa mesma estrutura. Até porque ninguém dúvida que Fernando Couto, Paulo Ferreira, Rui Costa e Simão Sabrosa são bons jogadores e opções perfeitamente válidas (foram estes os jogadores que saíram da equipa, após o primeiro jogo contra a Grécia)
Em relação à fase de qualificação para o Mundial 2006, é típico do português preocupar-se com o que é menos importante. É isso que fazemos no dia-a-dia e é talvez por isso damos tanta importância à novela do futebol. Alguém se vai lembrar se Portugal jogou bem ou mal na qualificação? A resposta é não. O que interessa é estarmos qualificados mas, mais uma vez, vejo muita gente a pedir a cabeça do treinador. É triste ver a maneira como este país se rebaixa ao ponto de dizer que quer Mourinho a treinar a equipa no Mundial. É de uma total falta de valores, ética e sei lá mais o quê.
Para além disso, não nos devemos esquecer do pequeno pormenor de que Scolari foi campeão do mundo à 4 anos, sob uma enorme nuvem de contestação. Felizmente para o Brasil, alguém teve a inteligência de não o substituir.
Scolari é um dos poucos brasileiros de que gosto, pois diz o que pensa e faz o que diz.
É um homem que não liga a jornalistas, comentadores e outros que tais que de futebol percebem pouco. Se quem estivesse nas chefias ligasse duas vezes ao que estas pessoas dizem, Trapattoni nunca teria acabado a época no Benfica.
É absolutamente ridículo ver a fundamentação para as críticas a Scolari.
Primeiro, se a selecção fosse uma mera escolha decorrente das opiniões de adeptos e opções dos treinadores dos clubes, não seria preciso seleccionador. Seria feita uma sondagem e pronto.
Depois, parece que as pessoas não querem perceber as suas escolhas. Scolari já se cansou de explicar que faz as suas escolhas de acordo com a sua metodologia e que essa metodologia passa pela obtenção de um grupo coeso e rotinado de forma a funcionar como uma equipa, e se há coisa que ficou provada no último Europeu e no presente futebol de clubes (com o exemplo do Chelsea) é que quem ganha são as equipas e não as individualidades.
A opção de Ricardo
A opção de Ricardo parece-me perfeitamente legítima, é um jogador que na selecção nunca comprometeu ao contrário de outros. É um jogador que em determinadas alturas foi mais decisivo do que muitos outros, como no jogo contra Inglaterra. É completamente inacreditável como o tentam aniquilar na selecção e como exemplo dou o passado jogo contra o Liechenstein, em que o golo sofrido foi claramente uma falha de Paulo Ferreira. No entanto, quase toda a gente o implicou ao Ricardo.
Aliás, se fossemos tão inflexíveis com Paulo Ferreira (um excelente lateral) como somos com Ricardo, este jamais deveria pôr os pés na selecção. Caso não se lembrem foi ele que deu o golo a Karagounis no primeiro jogo contra a Grécia e voltou a jogar na final em que perdemos, por isso se calhar foi por causa dele que perdemos (obviamente que não, estou apenas a fazer apenas o papel triste que muitos comentadores fazem).
A opção por suplentes
Penso que a opção por suplentes de clubes é perfeitamente legítima e sempre foi feito por todos os técnicos que estiveram na selecção. Apenas é trazida à baila como assunto a discutir, por este brasileiro ter trazido seriedade às selecções e deixado algumas “vacas sagradas” de fora (Quem não lembra da palhaçada que foi a participação portuguesa no último mundial).
Quando Rui Costa era suplente do Milão, estando semanas sem jogar, alguém duvidava da sua convocatória?
Ou Fernando Couto, que era suplente do Lázio?
Ou mesmo Ricardo Carvalho, que esta época foi suplente até à poucas semanas no Chelsea?
Ou Maniche, que umas vezes joga, outras não no Dínamo de Moscovo?
Ou Hélder Postiga?
Enfim são tantos os exemplos que não são falados que é por e simplesmente rídiculo andar-se a falar dos guarda-redes.
A não convocação de Baía
Não tenho muito a dizer sobre isto a não ser que concordo plenamente com Scolari.
Aliás, gostava que me apontassem algum jogo importante da selecção em que Baía tivesse feito a diferença. Eu não encontrei nenhum.

1 Comments:

Blogger T said...

Gande chico, não sei se te lembras mas o golo da Dinamarca nesse jogo foi marcado após um excelente passe de Vitor Baía para o Brian Laudrup. De qualquer forma, vejo que apenas te lembraste de exemplos que aconteceram 6 anos antes de Baía deixar a selecção. Entretanto e até à fase de qualificação do Euro 2004, houve duas qualificações, um mundial (2002) e um europeu (1998). É curioso não te teres lembrado de nenhuma exibição especial de Baía nessa fase.
Espero que o amigo continue a participar...

12:31 AM

 

Post a Comment

<< Home