Saturday, October 15, 2005

Críticos de cinema

Estes personagens fazem parte de um segmento da sociedade que eu denomino de masturbadores intelectuais e são hoje alvo da atenção do Arranha.
Dito isto, nunca os vejo falar do que realmente interessa... Que tipo de filme é (comédia romântica, filme de acção, thriller, épico, etc...), a originalidade e interesse da história, a qualidade do argumento, as interpretações, etc... enfim, coisas menos subjectivas e logo mais interessantes e úteis para o leitor.
O que observamos normalmente é estes críticos entrarem numa espiral subjectiva de considerações intelectuais e filosóficas sobre algo que cada um vive à sua maneira. Até porque o cinema, sendo uma arte, está intrinsecamente ligado à interpretação que cada pessoa lhe dá. Porque é que é há pessoas que adoram filmes de zombies? Não percebo mas respeito.
Estes críticos são, a meu ver, reféns do que está na moda intelectualmente. E nesse aspecto são absolutamente mainstream, mesmo que esse maintream seja de cariz intelectual.
Hoje em dia se seguirmos as premissas certas, poderemos ser vistos como críticos de cinema. Estas premissas constam de que:
- O Cinema Americano é, na sua maioria, mau.
- O Cinema Europeu é sempre bom.
- O Cinema do resto do mundo é sempre excelente.
- Tudo o que é cinema independente é bom.
- Tudo o que é “blockbusters” é mau.
Sigam isto e parecerão uns intelectuais.
Penso que ao ser necessária, para os críticos, uma grande fundamentação filosófica para a história dos filmes, acabam por marginalizar intelectualmente todos os que não obedeçam a isso.
Tenho a certeza de que em relação ao Regresso ao Futuro, ou a filmes do género, não se podem “masturbar” grandes dissertações filosóficamente complexas, no entanto, o Regresso ao Futuro é um filme intemporal em termos de entretenimento.
Aliás, há um principio que rege a profissão de crítico que consta de que um crítico nunca pode gostar do que as massas gostam.
Concluindo, penso que hoje em dia o cinema deve ser visto como algo não só artístico mas também social (há pessoas que apenas vão ao cinema se estiverem acompanhadas, o que demonstra que o filme não é prioritário mas sim a companhia). Por isso, se quisermos que o bom cinema seja premiado e difundido, devemos evitar uma linguagem que nos coloque à margem das pessoas que a leiam, pois esta atitude será uma péssima propaganda para o cinema.
Opinar sim, Masturbação intelectual não...
Agora onde é a fronteira entre as duas?
Não sei.

2 Comments:

Blogger andrzej said...

O arranha deu voz a uma imensa maioria!

O grande problema dos críticos de cinema é que desconsideram uma enorme fatia do público apreciador de cinema... Não é um fenómeno local, mas é uma postura excessivamente adoptada pelos escribas da nossa praça... e ainda por cima é um defeito transversal às diferentes esferas artísticas. Isto tanto é válido para o cinema, como para a música, como para a poesia, como para a dança...

A cultura em Portugal é presunçosa, e discrimina as grandes massas.. e assim, é por demais natural que as grandes massas olhem com desconfiança para tudo o que é pequena cultura.

A haver excepção, escolho o crítico Mourinha, que curiosamente passou esta semana do Blitz para o suplemento Y do público.

3:24 PM

 
Blogger T said...

Grande comment chedi_lane. Subscrevo na totalidade.

8:57 AM

 

Post a Comment

<< Home