Thursday, October 06, 2005

O meu rescaldo sobre o debate de Lisboa

O Arranha vem em por este meio integrar o role de perfeitos anormais que analisam os debates na esperança de poder ser uma excepção, um erro de casting...
Quando digo o meu rescaldo é porque este não é um relato absoluto ou dogmático. É, por simplesmente, a minha opinião, nada mais...
Em relação ao debate sobre a cidade de Lisboa, penso que o resultado não deixa dúvidas...
4-1, ganha Lisboa.
Como pudemos verificar, tivemos 4 candidatos a demonstrar como a maneira de melhorar Lisboa é simples e convergente, e como não é isso que tem sido feito nos últimos quatro anos.
Até Maria José Nogueira Pinto que tentava de todas as maneiras ser cordial com o candidato do PSD, não escondeu a sua total discordância sobre a maneira como a Câmara de Lisboa tem sido gerida.
Foi extraordinário o momento em que Maria José Nogueira Pinto referiu o programa de Carmona Rodrigues como algo que clarificava sobre a má gestão da cidade nos últimos 4 anos e o candidato do PSD assistiu impávido e sereno, não rebatendo.
Dito isto, prossigamos por partes.
O Túnel
O debate sobre esta questão podia ter parado com a intervenção de Carmona Rodrigues.
Este disse uma frase extraordinária “O Túnel não tem nada a ver com o trânsito de Lisboa”. Então se não tem a ver com o trânsito, tem a ver com o quê? “Não tira carros de Lisboa, e também não faz entrar mais”. (Inacreditável)
Teve igualmente o desplante de dizer que tinha ido hoje pela primeira vez à obra.
Não rebateu a argumentação de Ruben de Carvalho sobre como um túnel radial trazia trânsito para a cidade.
Disse que o trânsito nesta zona seria regulado por semáforos “rodando um botãozinho”. Meus amigos, se o trânsito se resolvia rodando um botãozinho, para que serve construir um túnel? Rodavam logo o botãozinho que ficava mais barato.
Em relação à paragem da obra imposta pelos juízes, não rebateu.
Em relação as acusações de que faltavam relatórios de risco e outras análises permaneceu calado.
Quando Nogueira Pinto afirmou que o túnel não era, de forma alguma, uma prioridade para Lisboa, Carmona carregou no mute uma vez mais.
Enfim, mais consentimento acerca da completa inutilidade desta obra seria impossível.
Trânsito
Quanto ao trânsito ouvimos políticas da parte de todos menos de Carmona Rodrigues. Este reservou-se a acatar mais uma vez tudo o que outros iam dizendo. Os transportes públicos estão uma desgraça, não se acabou a CRIL e o Eixo Norte-Sul (sendo ambas as vias promessas eleitorais), não se cumpriam a leis de trânsito e estacionamento, etc... Nada disto foi rebatido.
Reabilitação
Mais uma vez não rebateu que 70% do investimento era em construção nova e admitiu que a maior parte das reabilitações tinham sido feitas por privados. Quando foi dito que o programa EPUL não funcionava, não contestou. Não o vimos defender absolutamente nada.
Quanto aos bairros sociais foi defrontado com a completa inércia da sua equipa, mostrando-se mais uma vez sem respostas ou razões.

Enfim, pode parecer-vos que estou a “bater no ceguinho” mas pareceu-me que foi exactamente isso que aconteceu. Vimos ali que as políticas certas são simples, e que os restantes 4 candidatos apenas diferem em questões menores, como por ex.: “se a taxa de entrada no centro de Lisboa é uma medida a ser aplicada já ou em última instância”.
Para finalizar, o que vi foi que Lisboa ficará mais bem servida com qualquer um dos restantes 4 candidatos do que com a equipa que lá esteve nos últimos 4 anos.
O problema é, na minha óptica, que os lisboetas sofrem do síndroma “Zé Maria do Big Brother”, ou seja, adoram pessoas com ar de coitadinho e pretensamente sérias.
Daí que me pareça que na segunda-feira vou estar um pouco desiludido.
C’est la vie…