Monday, September 19, 2005

Clubismo Político

Hoje em dia escolhemos um clube em todos aspectos da nossa vida, e encaixamo-nos nele sem grande reflexão. Se há coisas em que isso é benéfico (ex.: futebol), há outras em que não.
Estes clubes são geralmente resultantes daquilo que pensamos ser o que esperam de nós, e como boas ovelhas seguimos o rebanho. Penso que a raiz da maior parte dos problemas da sociedade está neste clubismo.
Este clubismo pode ser político... o ser de esquerda ou de direita.
Ou pode ser religioso.... o ser católico, islâmico, etc...
Todos estes clubes, a meu ver, são um modo negativo de organizar a sociedade pois todos eles são assentes na ignorância. Por exemplo.: O que é ser de esquerda ou de direita?
Eu não sei.
A meu ver, a escolha deve ser entre o certo e o errado e não entre direita e esquerda pois será a liberdade das nossas ideias que nos dará o verdadeiro gosto pelo exercício nosso voto.
Deste modo se numa coisa podemos achar que o Bloco de Esquerda está certo, noutra poderemos achar que o PP também o está. Isto não é incompatível ou incoerente mas sim salutar, desde que sejamos honestos na nossa escolha.
Como alguém disse... “Só sou fundamentalista contra os fundamentalismos.”
Esta noção é fundamental para tirar o “sumo” de todo atropelo à ética que se passa hoje em dia nos partidos. Se votarmos pelo que acreditamos e não por qualquer pseudo-filiação penso que chegaremos a algo de bom. Agora tudo isto terá de partir do pressuposto de sabermos do que estamos a falar, e assim teremos de nos informar, discutir, ver debates... tudo isto do modo mais imparcial possível.
Digo isto, porque na maior parte das vezes estamos a pensar em algo que não tem absolutamente nada a ver com o que estamos a votar.
Alguém sabe qual é a diferença em termos pensamento para as políticas europeias entre o PP e o Bloco de Esquerda... ou a diferença entre as políticas autárquicas de Nogueira Pinto e Sá Fernandes. A resposta será na generalidade um redondo não.
Deste modo tenho a certeza de que muita gente deixará de votar no Sá Fernandes, pois este é apoiado pelo Bloco de Esquerda que é favor da despenalização do Aborto ou outras pessoas deixaram de votar na Nogueira Pinto por esta ser do PP que é contra a despenalização do Aborto. (Dei a questão do Aborto como exemplo mas poderia ser qualquer outra coisa que não estivesse relacionada com políticas autárquicas). Tudo isto é absolutamente ridículo pois deve-se votar pensando nas questões em causa e não outras. Este clubismo é uma forma de desmazelo intelectual e de falta de cidadania.
Voltando à questão da direita e da esquerda. A meu ver estas noções existem, apenas, quando tratamos de questões de princípios humanos (Aborto, Guerra, etc).
Dito isto, penso que este governo do PS tem sido claramente mais “à direita” do que o governo anterior PSD/PP, retirando direitos aos trabalhadores (não se escondendo por detrás de receitas extraordinárias) e apostando em obras públicas de grande escala (algo claramente conotado com a “direita”). Mas não vejo ninguém a trocar de clube por causa disto. As pessoas sentem que fizeram um pacto com estes clubes, e por isso vemos a pessoas de esquerda defenderem políticas ditas de direita apenas porque foram tomadas por um partido de esquerda e vice-versa. É extraordinário ver como as pessoas não se interessam pelo que está certo, mas sim pelo seu clube. Aliás, repetindo-me, tenho a certeza de que se fossem os partidos de direita a fazer o TGV e o Aeroporto da Ota, seriam defendidos por toda gente que agora ataca o PS. E assim ficamos nesta mesquinhice de cor política e o que está certo perde-se.
Faz-me confusão como ainda vivemos no ideal estúpido de que os de esquerda protegem os pobres e os de direita protegem os ricos, como se a classe política não se protegesse apenas a si própria. Nem sequer posso dizer que os levo a mal, pois apenas protegem o seu clube tal como o resto da população.
Concluindo, penso que para a situação melhorar, teremos de começar a votar nas políticas que cada um de nós acredita como certas e não em cores políticas (clubismo), pois só assim começaremos a ver progressos.
Em relação ao clubismo religioso, o Arranha falará depois...

2 Comments:

Blogger Chapim said...

Sem duvida q o tal clubismo é uma verdade incontestável..
A falta de informação é triste de se ver e de se sentir na pele.

E concordo q o maior clube é o do políticos. Há excepções como em tudo, mas nos políticos, os adeptos do clubismo são a maioria.

O Arranha continua em grande forma.

8:41 AM

 
Blogger andrzej said...

Para concretizar esta tua perspectiva basta rever o debate entre os candidatos (supostamente) antagónicos à câmara de lisboa -- Sá Fernandes e Nogueira Pinto. Apesar de apoiados por dois partidos bem descentralizados e diametralmente opostos, os dois candidatos concordaram numa considerável ( a maior?) parte das questões e temas de debate que lhes foram sugeridos. Para mim, são os dois candidatos a ter em conta... independentemente da máquina partidária que os apoia.

1:06 PM

 

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