Tuesday, February 14, 2006

Os palavrões lá fora...

A melhor coisa do acto de viajar para países não-latinos não é conhecer paisagens, culturas ou pessoas diferentes. O melhor é, sem a menor dúvida, a possibilidade que o português tem de empregar palavrões sem qualquer tipo de limitações. Este é apenas mais um exemplo da sempre apreciada conduta portuguesa de infringir a lei, neste caso uma lei de convivência social, sem ser “apanhado”.
As recentes viagens do Arranha abriram-lhe os horizontes para esta temática e a conclusão fundamental a que chegou foi que o número de palavrões proferidos por uma pessoa de porte físico normal é directamente proporcional ao frio que essa mesma pessoa sente.
Como exemplo, dou a conduta do Arranha, rapaz entroncado e bem-parecido (adjectivos proferidos pela minha avozinha, logo, quem sou eu para discordar). A dita conduta pauta-se por uma quase ausência de palavrões no que se refere a ambientes com temperaturas superiores a 10 ºC. Porém, esta conduta altera-se drásticamente à medida que as temperaturas baixam.
Nesta última viagem esse clímax foi atingido em Cracóvia, onde o termómetro desceu aos -15ºC, logo, foi palavrão que "fervia". Nesta cidade aconteceu a curiosa situação de quando o Arranha pretendia afirmar em viva voz que estava com frio, saiu-lhe, para seu espanto, um bonito e sempre amigável “Foda-se, Caralho pá!” (F,C pá!) (Peço desde já desculpa aos leitores mais sensíveis mas quem conhece o Arranha sabe que ele é um cidadão como deve ser e só é ordinário quando a situação a isso pede).
Num pequeno aparte, devo confidenciar aos leitores que o Arranha está neste momento em contacto com o neurologista António Damásio de forma a perceber se o corpo liberta alguma substância que aqueça o corpo aquando da libertação audível de um “F,C pá!”, porque o que é um facto é que ao dizer esta expressão senti-me mais aconchegado.
Mas o que é realmente curioso é que os cidadãos polacos que se encontravam nas proximidades do Arranha perceberam exactamente aquilo que eu pretendia dizer, ou seja, que estava com frio, pois todas as vezes em que proferia a dita expressão ofereciam-se para colocar o seu casaco nas minhas costas.
- Boa gente, os polacos. -
Ao aperceber-me disto questionei-me se a Polónia não seria uma antiga colónia portuguesa, onde os conhecidos navegadores lusitanos ao desembarcarem com aquele frio tiveram necessidade de empregar expressões que mais tarde gerariam uma nova língua que captasse a identidade do sítio, ou seja, o polaco.
Numa descoberta que me estupefez, percebi que um “F,C pá!” dito rápido e a tiritar o dente é a expressão polaca para “Estou cheio de frio”.
Mais um exemplo de que a história não é algo estático mas sim dinâmico.
Estamos sempre a aprender!

1 Comments:

Blogger andrzej said...

A viagem fez-te bem! Em Londres cheguei à conclusão que já não podes gozar tão confortavelmente desse previlégio. É que, com tanta nacionalidade à mistura -- a "comunidade" inglesa já é uma minoria naquela cidade -- a probabilidade de apanhares alguém que fala português aumenta exponencialmente. Ainda por cima, o termómetro também não passava dos 5ºC!!

4:13 AM

 

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