Thursday, December 01, 2005

Paris

Este é o nome dessa aprazível metrópole que, no próximo fim-de-semana, terá o prazer albergar o petiz de nome Arranha. Porquê Paris?
Por duas razões.
A primeira, prende-se com a sua beleza, vida, luz e outras paneleirices a sete.
A segunda, devido a ser, actualmente, um local de eleição para o correcto e sustentado desabrochar de pirómanos, característica essa que, no passado, o Arranha omitiu ao leitor.
Mais do que um pirómano, o Arranha define-se a si próprio como um inquestionável patriota e ambientalista.
Como já todos sabemos, a capital francesa tem sido assolada por uma torrente de automóveis incendiados, no entanto, parece-me que os verdadeiros motivos que geraram este “problema” ainda não foram abordados.
O primeiro tem a ver com ambiente.
É opinião do Arranha, de que a já famosa “queimada” de automóveis em Paris (moda que irá concerteza singrar, tal como as largadas de touros em Pamplona) se deve a uma mega-operação relacionada com o ambiente e com o ordenamento do território. Como é do conhecimento geral, os automóveis têm uma acção nefasta para o meio ambiente, logo, a inflamação dos mesmos será uma boa notícia do ponto de vista ambiental. Em relação ao ordenamento do território, tal como ouvimos enúmeras vezes em debates para as eleições autárquicas, o excesso de automóveis é um factor definidor do declínio da qualidade de vida nas cidades. Aliás, o que o leitor não sabe é que a política de diminuir, para metade, o nº de automóveis em Lisboa, equacionada por Manuel Maria Carrilho, englobava uma chamarela de automóveis em pleno Terreiro do Paço na passagem de ano. Desta forma, diminuía-se o nº de automóveis na cidade de Lisboa e poupava-se o dinheiro em pirotécnia.
Bem, voltando aos incidentes na cidade de Paris, fiquei extremamente triste por perceber que os nossos emigrantes não estão a dar uma boa imagem dos pirómanos portugueses. Actividade essa que, no nosso belo país, tem muita gente capaz. Aliás, não tenho dúvidas de que a imagem de Portugal melhoraria se exportássemos os nossos grandes pirómanos, tal como o fazemos em relação aos nossos grandes investigadores.
Como ninguém se ofereceu para exportar esse pequeno pirómano, de nome Arranha, terá de ser o próprio, do seu bolso, a pagar o custo de levar avante a patriótica tarefa de defender o bom nome dos pirómanos portugueses no acontecimento mais mediático da pirómania mundial, o festival Flambé Paris 2005.
Pensando agora num contexto mais social, há outro factor com o qual o Arranha se sentiu melindrado e que pensa servir de explicação para a sua ida a Paris. Este factor envolve a utilização do termo escumalha, por Nicolas Sarkozy (um abraço para ele), relativamente aos habitantes dos subúrbios. Sendo o Arranha, um habitante desse belo subúrbio modernista, a Portela, ficou, como o leitor decerto compreenderá, bastante sentido com as palavras do ministro. Além disso, também o Arranha já sentiu na pele o que é ser alvo de discriminação social.
Porquê?
1) Porque sendo um português de 10ª geração, o Arranha ainda não é tratado, pelos meus pares, como um português de 11ª ou 12ª geração, algo que afecta claramente a sua inclusão social.
2) Porque o Estado não ajuda os discriminados. Presentemente, o discriminado Arranha tem o esquentador a aquecer pouco a água e o Estado, sarcasticamente dentro de toda a sua esfera de poder, não se lembra de mandar um técnico especializado para o arranjar ou, caso este não o consiga, mandar alguém para aquecer a água na chaleira. Ou seja, lá tem de ser o pobre coitado do discriminado a fazê-lo.
3) Porque o Estado não providencia ao discriminado, o petit Arranha, a tão ambicionada habitação social, um mero T3 na Estrela, com vista para o rio. E finalmente...
4) Porque os fósforos com que o Arranha promoverá o bom nome de Portugal além fronteiras não são comparticipados pelo Estado.

Aqui fica a fundamentação para a minha deslocação a Paris, com a promessa de na volta redigir uma crónica em francês (14ª língua do Arranha).

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